Todo herói é de esquerda
Heroísmo é um ato político.
Pare e pense: em todas as histórias que marcam gerações, sejam quadrinhos, animes, filmes ou séries, os heróis têm algo em comum — eles lutam pela justiça. Protegem vidas, defendem os mais fracos, enfrentam tiranos e não distinguem cor, raça ou religião na hora de salvar alguém.
O Super-Homem, por exemplo, é um refugiado: seu planeta foi destruído e ele encontrou abrigo na Terra. Com todo o poder que tem, poderia dominar o mundo, mas escolheu proteger a humanidade. O mesmo vale para Goku, que também veio de outro planeta e sempre colocou sua força a serviço da vida.
O Homem-Aranha, criado pelos tios após ficar órfão, representa bem o espírito do herói. Sua frase mais famosa — “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades” — traduz o que significa usar o que se tem não para benefício próprio, mas para o bem da coletividade. Já os X-Men, perseguidos por serem diferentes, encarnam o desejo de viver em um mundo onde todos possam coexistir, mostrando que diversidade e inclusão não são fraquezas, mas sim riquezas da humanidade.
E é aí que está a essência: os heróis sempre se colocam contra estruturas de opressão. Suas batalhas não são apenas contra monstros ou inimigos fantásticos, mas contra tudo aquilo que ameaça a vida, a liberdade e a dignidade. De forma simbólica, eles nos lembram que não existe neutralidade quando o poder é usado para explorar ou excluir. O herói toma partido — e quase sempre, é o lado do povo, dos indefesos, daquilo que ainda precisa ser protegido.
Enquanto isso, os vilões frequentemente representam o oposto: ganância desmedida, exploração da natureza, concentração de poder, preconceito, desigualdade. E mais: os vilões quase sempre lutam pela massificação da sociedade. Eles tentam apagar as diferenças, uniformizar pensamentos, impor uma única forma de viver e calar qualquer voz dissonante. É a lógica da dominação: um mundo onde todos se tornam peças de uma engrenagem que serve apenas a seus próprios interesses.
O herói, por outro lado, é a força que resiste a esse processo. Ele protege o direito de cada pessoa ser quem é, valoriza a singularidade e defende a pluralidade da vida. Sua luta é para que ninguém seja reduzido a uma massa sem rosto, mas que cada indivíduo possa existir em sua diferença, com dignidade e liberdade.
Por isso, quando alguém afirma que “herói não se mete em política”, é importante lembrar: a própria existência do herói já é um ato político. Toda vez que ele se levanta para proteger quem não pode se defender, para dar voz aos silenciados, para enfrentar forças maiores em nome do bem comum, ele está mostrando um caminho. No fundo, ser herói é escolher acreditar que outro mundo é possível — e dedicar sua vida para que ele se torne realidade.





